sábado, 16 de fevereiro de 2013

Controlar e Respeitar os Sonhos (Yoga do Sono e do Sonho)


Retirado do Livro “Os Yogas Tibetanos do Sonho e do Sono” de Tenzin Wangyal Rinpoche.

CONTROLAR E RESPEITAR OS SONHOS


Algumas escolas de Psicologia no Ocidente acreditam que é prejudicial controlar os sonhos, que os sonhos são uma ação reguladora do inconsciente, ou uma forma de comunicação entre partes de nós mesmos que não deveriam ser perturbadas. Esta visão sugere que o inconsciente existe e que ele é um depositário de experiências e significados. Acredita-se que o inconsciente elabora o sonho e insere nele um significado que será explícito e óbvio, ou latente e carente de interpretação. Neste contexto, considera-se muitas vezes o eu como sendo composto dos aspectos conscientes e inconscientes do indivíduo, e o sonho, como um meio de comunicação necessária entre os dois. O eu consciente pode então se beneficiar da catarse do sonho ou do equilíbrio de processos psicológicos resultante da atividade de elaboração do sonho.

Compreender a vacuidade muda radicalmente nosso entendimento do processo de sonhar. Estas três entidades: o inconsciente, o significado e o eu consciente – são todas entidades que existem somente por imputarmos realidade àquilo que por si só não tem nenhuma. É importante entender o que está sendo dito aqui. A preocupação de que a invasão do inconsciente por parte da mente consciente seja prejudicial aos processos naturais faz sentido se assumirmos que os elementos da situação são elementos distintos do indivíduo, trabalhando em cooperação. Mas esta visão compreende somente uma dimensão da dinâmica interna do indivíduo, frequentemente em detrimento de uma identidade mais expansiva.

Como mencionamos anteriormente, existem dois níveis de trabalho com os sonhos. O primeiro envolve encontrar significado nele. Isto é bom e esse é o nível da maioria das psicologias do Ocidente que dão valor aos sonhos. Tanto no Oriente quanto no Ocidente sabe-se que os sonhos podem ser uma fonte de criatividade, soluções para os problemas, diagnósticos de doenças e etc. Mas o significado nos sonhos não é inerente a ele; está sendo projetado sobre o sonho pelo indivíduo que examina o sonho, e então é “lido” a partir do sonho. O processo é muito semelhante àquele de descrever as imagens que parecem surgir nos testes de manchas de tinta, usado por alguns psicólogos. O significado não existe independentemente. O significado não existe até que alguém comece a procurar por ele. Nosso erro é que, em vez de ver a realidade da situação, começamos a pensar que realmente existe um inconsciente, uma coisa, e que o sonho é real, como um rolo de pergaminho com uma mensagem secreta codificada, que qualquer um seria capaz de ler, tão logo ela fosse decodificada.

Precisamos de uma compreensão mais profunda do que se trata o sonho, de qual experiência é, para verdadeiramente utilizarmos o sonho como uma abordagem para a iluminação. Se praticarmos profundamente, muitos sonhos maravilhosos surgirão, ricos em sinais de progresso. Mas, no fundo, o significado do sonho não é importante. É melhor não considerar o sonho como uma mensagem de outra entidade para você, nem mesmo que seja de outra parte de você que você não conhece. Não há nenhum significado convencional fora do dualismo do Samsara. Esta visão não é um render-se ao caos; não existe nenhum caos, nem tampouco a ausência de significado. Estes são mais conceitos. Pode soar estranho, mas esta ideia de significado deve ser abandonada para que a mente possa encontrar a liberação completa. E fazer isso é propósito inicial da prática do sonho.

Não ignoramos o uso do significado no sonho. Mas é bom reconhecer que há também sonho no significado. Por que esperar grandes mensagens de um sonho? Em vez disso penetre no que está sob o significado, a base pura da experiência. Esta é a mais elevada prática do sonho – não psicológica, e sim espiritual – interessada no reconhecimento e a realização do fundamento da experiência, o não-condicionado. Quando evoluir até este ponto, você não será afetado pelo fato de haver uma mensagem no sonho ou não. Então, você estará completo, sua experiência estará completa, você estará livre do condicionamento que surge das interações dualísticas com as projeções da sua própria mente.

Grande parte da prática do sonho é realizada quando o praticante está acordado, a fim de influenciar o sonho. Não se trata de controlar diretamente o sonho. O aspecto de controlar diretamente o sonho, ocorre durante os sonhos lúcidos. Multiplicar-se num sonho é um exemplo, assim como transformar-se ou criar entidades oníricas. Os ensinamentos dizem que fazer isto é muito bom, uma vez que a capacidade de fazer estas coisas significa que a flexibilidade da mente está sendo desenvolvida. Além disso, a mesma espécie de flexibilidade e controle deve ser trazida para a vida no estado acordado; não a fim de voar, e sim para compreender a natureza construída da experiência e obter a liberdade inerente a essa compreensão. Ao invés de ser controlado pelos sentimentos, você pode mudar a si mesmo e a história que conta sobre você, e fazer o que é verdadeiramente importante, em vez de ficar preso num pesadelo ou num sonho em eterna mudança, ou até mesmo numa fantasia agradável.

Não é diferente da vida no estado acordado. Os traços kármicos provocam sonhos, e nossas reações à experiência criam mais traços kármicos. Durante o sonho, esta dinâmica continua funcionando. Nós realmente queremos controlar nossos sonhos em vez de sermos controlados por eles, da mesma maneira que durante o dia é melhor não sermos controlados pelos pensamentos ou emoções, e sim respondermos às situações totalmente a partir de nossa consciência.

Queremos influenciar nossos sonhos. Queremos que eles sejam mais claros e mais integrados com nossa prática, exatamente como devemos querer estas qualidades para todos os momentos de nossa vida. Não há nenhum perigo disto desbaratar algo importante. Tudo que desbaratamos é nossa ignorância.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Como Flor




Eu me sentei como flor, me sentei como flor,
E sei que tu viste, meu amor, que me sentei como flor.
Eu gritei o teu nome, eu gritei o teu nome,
E sei que Tu ouviste, meu amor, que eu gritei o teu nome.

Ao meu Sol, sim, ao meu Sol, a Ele eu canto,
Rugindo os tambores vibrantes do meu coração,
E meu Sol, sim, o meu Sol, radiante em explosão,
Ele me deu um sonho, sim, ele me deu um sonho.

Eu me sentei como flor, me sentei como flor,
No jardim dourado do meu reluzente Amor,
E tal como luz branca, ele me invadiu, me invadiu,
E na escuridão nada se viu...

Mas reluzente era o corpo e as estrelas desenhadas nele,
E o silêncio era tão saboroso como um sorvete
E nessa louca noite meu corpo estremece,
E no jardim dourado ele me aquece.

Eu me sentei como flor, me sentei como flor,
Esperando receber uma gota do seu amor,
E como Sol, somo Sol reluzente e dourado
Foi assim que apareceu o meu Amado.


sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Pó-e-tizando


Esse traz aquele tipo de gosto amargo na boca. É exatamente um pedido para olhar para um ponto que no momento não parece fazer a menor diferença. Todo mundo é capaz de olhar para isso de certa maneira, mas isso não desfaz nem um pouco a possibilidade de ter que se deparar consigo mesmo, encurralado em paredes de lápis-lazúli, não porque a vida realmente te puxa para isso, mas quando a alma sente-se surpreendentemente disposta a consciência, a questão é a mesma de sempre. 

Não é a toa que Ansuz, sim, Ansuz está na parede de minha casa. Não porque a similaridade se faz necessária, não a mim, que sou o vento que rodopia nas encostas das montanhas, eu sou o vento que enche de ar os seus pulmões, eu sou, sobretudo a força da mente ágil, o dom da criatividade, não fosse isso, por que me escolheria? Um mal estar lhe sobe pelo estomago, não porque isso faça qualquer diferença, mas não fosse o nascer tão esperado do sol. Nunca um deus morto! Nunca um deus ressuscitado! Radiante, sim, sempre radiante. Eternamente radiante.

O rodopio ensolarado da luz nova, da luz nova. Não fosse estar tão consciente de minha ignorância, e eu lhe perguntaria por que eu deveria escrever sobre isso. Mas não fosse essa luz, essa tremula luz que me transporta para um lugar, um lugar que eu sei que o reflexo que eu vejo é, estonteantemente, solúvel nesse aspecto mutável do meu ser. Um círculo de chamas não quer dizer nada quando se está dançando na eterna noite de Pan.

Mas cale-se, cale-se, por um momento, cálice. E a água estonteante de Netuno correu sobre as pedras das montanhas que o vento lambia e era com um sorriso amargo que o bloqueio se deu pelo o sangue que escorreria. Também sobre a mesma encosta. E meu mundo tornou-se arte. Meu mundo tornou-se arte.

Então é disso que estávamos falando desde o início, não estou para a verdade, nem para a verdade. E um tom amarelado rodeia o labirinto do pulsar da poeira estelar de onde eu vim. Sim, de onde eu vim. Um átomo consciente deveria estar realmente interessado sobre a sua história? Mas o que diria os céus num momento desses? Por favor, por favor, entenda. Isso não pode ser comparado. E dependurado como uma estrela pendendo por um fio no céu de Yesod, ele sorriu, feito um anjo, feito um anjo. E não fosse essa torrente de energia que jorra em minha cabeça - Unge minha cabeça com óleo e o meu cálice transborda – nada poderia ser mais sensual – a longitude desse esquadro ainda não me mostra nada.

Estou cega, estou cega! Gritaria! Não fosse por esse movimento, por esse correr livre nesse espaço vazio de mim mesmo, por esta pequena fresta que me deixa subir com os silfos e tocar a flauta, que era desde então uma trombeta, e correr pelo mundo nu, como direito de nascimento. E não me diga que não é merecido. Afinal, os dedos ainda correm sobre as páginas e os velhos olhos ainda esperam pela frase perfeita. A frase perfeita.

Amém.